Capítulo Cinqüenta e Oito – Canção do índio triste
quarta-feira, 15 setembro 2004 § Deixe um comentário
Olha, chefe
Tem uma nuvem em cima de mim
Ela é pequena mas é cinza e carregada
E chove todo dia antes do pôr do sol
Olha, chefe
Essa nuvem que me segue por toda parte
Nunca molha ninguém além de mim
Quando chove todo dia antes do pôr do sol
Sabe, chefe
Não que eu ache ruim tomar banho de chuva
Ou ser atingido de vez em quando por um raio
Da chuva de todo dia antes do pôr do sol
Mas, chefe
Podia pelo menos ter um arco-íris bem bonito
Em cima de mim, depois que parasse
De chover todo dia antes do pôr do sol.
Aí sim, eu seria feliz…
Capítulo Cinqüenta e Dois – Balada de lamentação pela morte de um bom amigo
sexta-feira, 2 abril 2004 § Deixe um comentário
Desculpa por te matar, meu amigo
Mas você há de concordar
Qualquer um perderia a cabeça
Ao descobrir que a mulher lhe traiu com o próprio amigo
Enquanto viajava a negócios para Manducaia
Em pleno feriadão
Eu juro, caro companheiro
Que aquela faca era só pra assustar
E foi uma tremenda falta de sorte
Ter voado da minha mão quando eu escorreguei
E ter ido parar no seu coração
Ainda lamento, infeliz colega
Por não ter ido ao teu velório
Consolar teus filhos, tua mãe
E aqueles teus primos que não te viam
Desde mil novecentos e setenta e nove
E que vieram só pro teu enterro
Ah, pobre parceiro!
Se eu pudesse voltar atrás
…..aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!!!!!!!!!…..
……eu nunca quis te matar, eu nunca quis te matar, eu nunca nunca nunca, nunca quis te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, te matar, matar matar matar.
Capítulo Quarenta e Quatro – Eu, mim e eu mesmo
domingo, 26 outubro 2003 § Deixe um comentário
Eu tô falando pra mim mesmo
Eu tô falando sozinho
E já não me dou mais ouvidos
Então calo a boca pra escutar
O que eu tenho pra me falar
E é sempre bobagem
E reclamação
Acho que é por isso
Que ninguém me dá mais atenção
É que hoje me olhei no espelho
E já não era mais o mesmo
Daí eu perguntei sobre as novidades
Eu tava curioso pra saber como era ser eu mesmo
Perguntei a minha idade
E a quantas andava minha popularidade
Perguntei sobre os amigos
E se eu ainda detestava couve-flor
Às vezes até tento me consolar
E dizer que tudo um dia vai melhorar
Mas não agüento mais minhas mentiras
Não agüento meu egocentrismo
Nem a minha voz esganiçada
E me mando ficar quieto
Mas não suporto o silêncio
E digo que vou embora
Que nunca mais quero me ver
Me xingo de idiota
E até ameaço me bater
No fim das contas percebo
Que ninguém ganhou nem perdeu
Nesse eu contra eu
Capítulo Quarenta e Três
domingo, 19 outubro 2003 § Deixe um comentário
furou os dois olhos
só pra ver
o que tinha dentro…
Capítulo Um – Poeminha Bobo de Carnaval
quinta-feira, 20 fevereiro 2003 § Deixe um comentário
É pra ninguém se sentir mal
Perto de mim
Mas também
O que eu poderia esperar
da vida
Se nasci no Bomfim?